segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

A Velha Questão do Livro Didático

Olá,
Lendo esse texto no jornal da SBPC achei interessante retomar o debate sobre os erros dos livros didáticos. Sou autor e sei que é impossível publicar um livro didático sem erros. Além disso, precisamos primeiro aumentar a quantidade da publicação e assim melhorar a qualidade com um bom relacionamento entre os autores, usuários e comunidade científica. O que percebemos geralmente é um impasse entre o livro que o autor deseja fazer, aquilo que a editora oferece, o livro que o aluno gostaria de ter como material de apoio e a comunidade científica produzindo e divulgando ciência. Tudo isso que citei seria o segundo passo, pois o primeiro, nós autores já demos: pesquisar, escrever e publicar, mesmo tendo que lecionar em várias escolas e turnos diferentes. Leiam o texto:

Todos os livros estão errados: uma pouco surpreendente descoberta, artigo de Antonio Carlos Pavão

“Não devemos nos transformar em reféns do livro, imaginando encontrar ali todo o saber verdadeiro e a narrativa ideal”Antonio Carlos Pavão é diretor do Espaço Ciência e membro da Comissão Técnica do Programa Nacional do Livro Didático. Artigo enviado pelo autor ao “JC e-mail”: Não é novidade que todos os livros apresentam erros, mas de vez em quando alguém se surpreende redescobrindo essa roda. Há alguns anos tem sido muito comentado um estudo do Projeto 2061 da American Association for the Advancement of Science que identificou erros em livros didáticos utilizados nos EUA. A própria dissertação de mestrado “O ensino de astronomia nas séries finais do ensino fundamental: uma proposta de material didático de apoio ao professor”, de Patrícia Amaral, apresentada recentemente na UnB, que aponta erros de astronomia nas 13 coleções analisadas, também contém incorreções ou, no mínimo, afirmações que induzem ao erro. Por exemplo, ao selecionar ilustrações de livros didáticos com a órbita da Terra exageradamente elíptica, a autora da dissertação infere que “com esta imagem o aluno ‘seguramente’ (grifo nosso) relacionaria as estações do ano com a aproximação/afastamento do Planeta ao Sol”. Foi baseada nessa afirmação precipitada que Fabiana Vasconcelos, jornalista da Assessoria de Comunicação da UnB, extrapolou e afirmou que o MEC adota livros que ensinam que "as estações do ano estão relacionadas à inclinação de 23º da Terra, mas muitas crianças aprendem que é inverno porque o planeta estaria mais longe do sol e verão porque estaria mais perto".Entretanto, esse velho conhecido grave erro não está presente nas coleções aprovadas pelo MEC. A referida dissertação de mestrado também serviu de mote para que Renata Mariz, do “Correio Braziliense”, desconsiderando que os livros aprovados pelo MEC foram analisados por uma equipe qualificada de pareceristas, incluindo professores das principais universidades do país e pesquisadores do CNPq, afirmasse que “se passassem por um exame criterioso, os livros de ciências seriam reprovados” (JC e-mail 29/12/2008), demonstrando assim uma ingênua expectativa de encontrar um livro isento de erros. Porém, a constatação de que as 13 coleções do PNLD2008 contêm erros de astronomia (sem falar nas demais áreas), mesmo que não sejam graves, coloca a questão: devemos reprovar todos e não distribuir esses livros nas escolas? Claro que existem erros inaceitáveis em qualquer condição, e nisso o MEC é “criterioso”, mas o fato é que no estágio atual não é possível encontrar coleções isentas de erros e inadequações. No próprio Guia do Livro Didático de Ciências distribuído aos professores se alerta que “todos os livros apresentam problemas e o professor deve estar sempre atento para trabalhar eventuais incorreções”, indicando em linhas gerais, os problemas identificados em cada coleção. O livro didático é um suporte de conhecimentos e de métodos para o ensino, servindo como orientação para as atividades de produção e reprodução de conhecimento. Mas não devemos nos transformar em reféns do livro, imaginando encontrar ali todo o saber verdadeiro e a narrativa ideal. O livro é instrumento de transmissão de valores ideológicos e culturais, que pretende garantir o discurso supostamente verdadeiro dos autores. É verdade que, num processo pouco dinâmico como o que se estabelece no sistema tradicional de ensino de ciências, cria-se um círculo vicioso: o professor torna-se um reprodutor desses mitos e imagens errôneas e passa, ele também, a acreditar neles. Para construir uma opinião própria e independente é necessária a leitura de textos complementares, revistas especializadas e livros disponíveis na biblioteca da escola, da cidade, dos alunos, dos amigos etc. Também é preciso perceber que o livro é uma mercadoria do mundo editorial, sujeito às influências sociais, econômicas, técnicas, políticas e culturais como qualquer outra mercadoria que percorre os caminhos da produção, distribuição e consumo. É bom destacar que um dos objetivos das avaliações do PNLD é a melhoria da produção editorial no país e que, com esse processo onde os livros adotados são reavaliados a cada três anos, é possível observar os avanços, embora ainda tenhamos muito a melhorar. Mas, sobretudo, é fundamental preservar e cultivar a independência do professor e do aluno, ter clareza do que é ciência e de como ensinar ciências para que se possa fazer uma boa escolha do livro didático.

Um comentário:

  1. Gostei da formatação da tua pagina haehuhae
    Ficou bonito haeuhae
    tava na hora de ter um blog

    Abraço

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