quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Ouvir e dançar Cueca

Hoje (26) às 20 hs no Centro de Criatividade Odylo Costa, Filho, no Centro Histórico de São Luís, O Centro Cultural Banco do Brasil, Programação Itinerante apresenta em Vozes de Mestres, o show da chilena Tita Parra, neta da lendária Violeta Parra (compositora, cantora, instrumentista, tapeceira, pintora e militante dos direitos humanos).
Na vivência oferecida ontem à noite, ao público maranhense, Tita apresentou canções, vídeos e histórias do Chile e de sua avó. Fiquei pensando, sobre o legado que carregamos conosco, o que nos cabe nos ombros. Ontem, Violeta Parra (autora de “Volver a Los 17” e “Gracias a la Vida”) estava onipresente.
Numa entrevista dada para uma TV suíça nos anos 60, vemos Violeta pintar, bordar, costurar, tecer, fazer máscaras, tocar, cantar e dançar. Em francês, com a simplicidade de uma filha de camponesa, ela explica a predominância de sua cor nas telas: “É a cor do meu nome”...”seria necessário uma assistente para limpar os pincéis, como não tenho, uso as cores que consigo limpar o pincél”. Simples assim. “Comecei a bordar quando adoeci e fiquei acamada por uns 8 meses. Para não ficar ociosa me pus a bordar uma flor, mas surgiu uma índia, uma pessoa”. Simples assim, como dizem Amir Sater e Renato Teixeira, “o simples que resolve tudo”.
A entrevista continua: “Violeta, se tivesses que escolher apenas um meio de expressão, qual seria?”
“Prefiro as pessoas”. Insistindo a entrevistadora, Violeta opta pela pintura e justifica que nela, nem sempre retrata as alegrias.

Tita, em espanhol, através de trechos de canções, falou da importância de sua vó para a cultura popular chilena e latino-americana, influenciando artistas do mundo todo. Cantou canções sobre os pampas chilenos, área deserta conhecida pela exploração mineral e calor, ao norte do Chile. Denunciou a omissão do governo chileno diante da situação dos índios na região sul do país e cantou algumas cuecas chilenas. Todos batendo palmas, curiosos, deixando-se embalar pelas cuecas - Dança nacional chilena equivalente ao samba ou ao frevo brasileiro. E encerrou a vivência com a convidada Déa Trancoso (artista brasileira do Vale do Jequitinhonha-MG) declarando seu amor pelo Brasil, improvisando “Coração Civil” (Milton Nascimento/Fernando Brant) e “Apesar de Você”(Chico Buarque) – a última, segundo Tita, o hino nacional brasileiro.
Vá ao show hoje ouvir e dançar Cuecas.
Texto: Marcus Saldanha

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Bia Pedalando na Lagoa


Bia de duas rodas
Pedalando com ALL STAR
Aos 9 anos de idade.
Bia, uma criança plena
Sob a lua minguante
Na Lagoa
Da misteriosa Jansem
Que torna as noites da cidade
Um encanto.
Bia pedalando
Bia pés andando sobre a inventividade humana
De Da Vinci.
Bia alheia a História da Humanidade
Bia no seu instante de superação
Ia
Ia
Ia
Tão longe, que só a via pequenina.
Ela vinha
Pés no chão e ui!
Depois ia
Ia
Cada vez mais longe
Cada vez mais curvas
Cada vez menos tombos
Cada vez mais a bunda doía
Do impiedoso assento do banco
- Há de ser um ritual?
Bia
Ia.
Longa espera pelo próximo final de semana.

Texto e foto: Marcus Saldanha

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

3a Feira do Livro de São Luís

Diogo Mainardi, articulista da revista Veja já disse em sua coluna semanal que o blogueiro não passa de um palpiteiro. Na proposta que enviei para a 3ª Feira do Livro de São Luís, não só discordo como vou além: defendo ferrenhamente que o blogueiro é um escritor. E como tal lê, escreve e vive para, como disse a charmosa escritora Catharine Millet, na FLIP deste ano: “colocar palavras onde ainda não existem”.

É o que faço no Blog. Crônicas a partir do meu olhar lançado para o mundo, sobre o mundo. Minha cozinha, relatos de viagens, o encanto por um lugar ou uma pessoa, uma peça de teatro, um livro ou, seja lá, o mote que for. Escrevo.

Exponho e defendo o que penso e sinto no democrático ambiente virtual da blogosfera, para meus leitores (já são mais de 12 mil, desde janeiro de 2009). Respaldado por essa gente toda que acompanha o blog, tomei a liberdade de palpitar alguns nomes para a 3a Feira do Livro de São Luís, que em 2009 presta justa homenagem em vida, ao poeta maranhense Ferreira Gullar.

Para a “tenda dos autores” sugiro poetas, cineastas, roteiristas, dramaturgos, cantores, atores e até apresentadores. Em comum, pensamentos e atitudes múltiplas e a forte presença no séc. XXI.

Segue a lista:

Domingos de Oliveira – Seria imperdível vê-lo novamente ler Separações (sucesso arrebatador na FLIP), Vida Íntima ou qualquer outro tema proposto pela organização do evento. São muitas as possibilidades a serem exploradas pelo público. Saibam que ele tem escrito maravilhas sob encomenda. Tá tudo no seu blog (Revista Bravo).

Marcelo Rubens Paiva – Para a geração de “Feliz Ano Velho” seria um grande reencontro. Para os mais recentes seria inusitado sentir o élan do dramaturgo, roteirista, escritor e boêmio da noite paulista. De carona, seria mais que bem-vinda, a trupe de “A Noite Mais Fria do Ano”. Seu blog já foi recomendado aqui no Marcus Histórico.

Adriana Calcanhoto – A artista já tem um caso antigo com os poetas concretistas e Ferreira Gullar. Lembram do verso – “Dentro da Noite Veloz!!!!”. Além da voz cristalina, dos instrumentos que toca, das composições que faz, Adriana é leitora voraz e autora de livros. "Saga Lusa: O Relato de Uma Viagem", foi lançado em 2008. Em junho deste ano, em Ribeirão Preto fez show gratuito e participou de uma Mesa Literária. Marcou presença também na FLIP deste ano, cantando e recitando Manuel Bandeira. Mesmo que não cante, vale o seu pensar conceitual sobre música e literatura.

Paula Saldanha – Para falar de militância social e ambiental, da produção independente na longa jornada de trinta anos documentando o Brasil. Além, é claro, dos livros que escreve desde os 16 anos de idade. A equipe da série Expedições é imprescindível.

Marcelo Tas – Apresentador de sucesso fazendo jornalismo e humor inteligente. O cara tá de bobeira se oferecendo para palestras e doido para vir ao Maranhão conhecer de perto essa lendária fama do blindado presidente do senado. Além disso, com sua longa experiência na TV, Tas tem muito a dizer sobre mídia e cultura. Foi sucesso na FLIPZONA deste ano em Paraty e é um dos criadores do jogo virtual no Museu da Língua Portuguesa, um dos melhores do Brasil.

Humberto Werneck – jornalista e escritor mineiro, radicado em São Paulo, domou duas feras da literatura de língua portuguesa. Mediou com entusiasmo e segurança na FLIP a Mesa Literária "Escrever é Preciso", com o escritor português Lobo Antunes e escreveu, entre outros, um songbook com a obra de Chico Buarque. Precioso relato de experiência literária e musical.

Assis Brasil – Recentemente na I SALIPA, Salão do Livro de Parnaíba, o jornalista, escritor e crítico literário piauiense radicado no Rio de Janeiro, Assis Brasil encantou o público falando de sua obra e vida. Lembrem-se que em 1994 publicou uma antologia de poesias maranhenses do século XX, que inclui entre tantos nomes, Ferreira Gullar. Se falar apenas de sua vida, o sucesso da palestra já está garantida. Mas, para além, sua presença amplia nossa visão sobre a poesia brasileira e intensifica o diálogo cultural com o estado vizinho.
Flávio Paiva - escritor, poeta, compositor e músico cearense faz de sua vida uma obra de luta pelos direitos humanos, sobretudo crianças e adolescentes. Sua presença na Feira acena para um diálogo permanente com a verve cultural cearense.

Lygia Bojunga – Escritora, atriz e editora. Atualmente Lygia mantêm uma Fundação para cuidar de seus livros e personagens. Em Santa Tereza no Rio, trabalha com crianças e adolescentes em situação de risco no projeto Paiol que mantêm por conta própria. Já esteve em São Luís apresentando o Monólogo “Fazendo Ana Paz”. Palestra, teatro e troca de experiências com educadores, jovens e crianças sobre arte e enfrentamento de problemas sociais e econômicos.

Vik Muniz – fotógrafo e artista plástico badalado no exterior, mas pouco conhecido no Brasil. Na sua recente exposição no MASP o cara deixou todo mundo de queixo caído diante da inventividade moderna de sua obra. Imaginem a foto da Mona Lisa desenhada com doce de leite, ou do Frankstein formado com várias pedras de diamante. Vale cada centavo da passagem internacional.

Sophie Calle – No ano da França no Brasil, as mulheres, em especial, adorariam ver a exposição “Cuide de Você” (atualmente no SESC Pompéia em São Paulo, e em breve no Centro Cultural Banco do Brasil no Rio de Janeiro) e ouvir sobre a possibilidade de fazer da vida, arte.
Lya Luft - Dispensa apresentações ao público maranhense. Não lista entre as minhas escritoras favoritas, mas sua convivência com Érico Veríssimo, suas traduções literárias e seu olhar sobre a diversidade humana garantem o longo e bom bate-papo. Ela parece a avó que todo mundo gostaria de ter, não é verdade?

Ferreira Gullar – Pode falar do que quiser, mas sugiro ao autor que deixe boa parte do tempo para as perguntas e comentários do público sobre sua vasta obra. Afinal de contas: “onde há refúgio, há também armadilhas”.
Oxalá, que essa lista de palpites, coloque palavras onde ainda não existem.
Texto: Marcus Saldanha

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Cenas de Alumbramentos da FLIP 2009


Foram 19 mesas literárias com duas horas de duração em média. Na Tenda dos Autores ou na Tenda do Telão uma platéia eclética acompanhava seus autores preferidos, descobria novos talentos ou apenas tirava onda.

Abaixo, minha seleção de alguns fragmentos, algumas "cenas de alumbramentos", da Festa Literária de Paraty que este ano homenageou o poeta pernambucano Manuel Bandeira.

O que está anotado no meu caderno de viagem

* O texto arrebatador de Domingos de Oliveira na Mesa Separações que merece um post à parte, então, por enquanto, destaco apenas uma frase da sua fala pós-texto:
"O meu amor é meu e eu dou para quem eu quiser".

* "Verdades Inventadas: essa é a melhor definição para literatura".
Sérgio Rodrigues, na mesa "Verdade Inventadas".

* "Nem a gente conhece a China , nem eles conhecem direito o ocidente. A visão deles do ocidente (os chineses) é como uma obra de Picasso."
Xinran, jornalista chinesa radicada em Londres, na mesa "Pequim em Coma".

* Richard Dawkins na sessão de perguntas ao final da palestra:

- O que o senhor diria diante de Deus se o encontrasse depois da morte?

Curto silêncio e grande expectativa do público, Dawkins responde:

- Eu perguntaria: qual deus é você? Zeus, Mitra, Odin, Thor, Apolo, um deus asteca, africano?... Não há evidências para que você seja Deus.
O público vai ao delírio!

* "Para escrever é preciso ter um desafio secreto para tudo e todos, muitos vão querer lhe derrubar..."

"Eu não frequentei universidades, mas sim a drogaria que eu trabalhava."

"Nunca deixei de considerar as fontes profundas. Não há regras, a não ser a grandeza e a verdade".
Edna O´Brien, na mesa "Sentidos da Transgressão".
Sobre seu autor preferido, ela disse: "Nós traímos os autores que amamos, a literatura que amamos. O que lemos hoje, não queremos ler amanhã. Então não temos autor preferido."

* "Não mandei um dublê para o Brasil para não perder a viagem." Mário Bellatin, artista mexicano que enviou dublês para representar grandes artistas mexicanos numa exposição na França. Na mesa "O Eu Profundo e os Outros Eus".

* "Sempre achei que as pessoas comuns são extraordinárias. Sou um repórter da parte interior de uma relação." Gay Talese, jornalista americano na mesa "Fama e Anonimato".

* "Meu pai lia poetas brasileiros para nós. Em seu leito de morte disse nos deixar o amor pelas coisas belas." Antônio Lobo Antunes, escritor português - um dos maiores ficcionistas da atualidade segundo a crítica.

* Pergunta da platéia:
- Qual será o nome do nosso tempo?
responde o historiador Simon Schama, na mesa "O Futuro da América":

- É o nome que detesto pronunciar, mas é o nome de "Final da Terra", ao menos que façamos algo para mudar.

* "Vivemos numa sociedade que é mais permissiva, mas sempre haverá elementos para transgredir. Mas podemos ter certeza que que a natureza humana vai criar outros tabus." Catharine Millet (autora dos livros a "Vida de Catherine M.", onde descrve sua vida sexual e "A Outra Vida de Catharine M.", onde trata de uma crise de ciúme num casamento de relação aberta que mantem com seu marido.

* "Todo brasileiro tem duas terras: aquela que nasceu e o Rio de Janeiro". Professor e escritor, Édson Néry da Fonseca.

O que não está anotado no meu caderno de viagens:

* O champanhe oferecido pelo patrocinador no show de abertura da FLIP.

* Adrana Calcanhoto com músicas e palavras - voz cristalina, violoncelo, violão, guitarra, bateria e poemas de Manuel Bandeira. Apresentou canções do novo trabalho "Maré" (segunda parte de uma trilogia), canções que tocam no rádio que gostaria de ter feito e as canções que tocam no rádio que fez.
- Mas que platéia bem comportada!
Foi o suficiente para todo mundo esquentar pra valer dentro e fora da tenda.

* Antônio Lobo Antunes, profundamente emocionado com a "presença" do avô falecido que morou em Belém do Pará;

* Ingressos esgotados nos primeiros minutos de venda ainda no mês de junho obrigaram um grande público a espreitar a palestra do lado de fora, montar vigília em frente aos camarins e até escalar as estruturas metálicas daa tendas. Tudo isso, para ver Chico Buarque, "a noiva do casamento" (segundo Ângela Galvão), na mesa "Sequências Brasileiras";

* O frisson em torno da mesa "Entre Quatro Paredes" que juntaria pela primeira vez a artista francesa, Sophie Calle e seu ex, o escritor Grègoire Bouillier, depois do famoso "cuide-se", última frase do e-mail que inspirou uma exposição fotográfica. Sophie fotografou a reação de 107 mulheres de diferentes profissões à leitura do e-mail de rompimento enviado por Grègoire;

* Catharine Millet desviando-se com elegância do que seria óbvio: a psicanalista Maria Rita Khel insistindo no divã;

* Tatiana Salem Levy, uma jovem e talentosa escritora na tarde chuvosa de Paraty. Autora do premiado "A Chave da Casa" que mistura memórias com ficção, revisitando e reiventando o passado, fez parte da mesa "Verdades Inventadas" com Arnaldo Bloch e Sérgio Rodrigues. Um presente para quem pensa em escrever memórias da família.

* O público encantado com Edson Néry da Fonseca recitando de có, vários poemas de Manuel Bandeira.
* A leitura rápida e cortante, na mesa "Livro de Cabeceira" de Atiq Rahimi, escritor e cineasta afegão radicado na França, de quatro landays, poemas populares das mulheres pashtuns, que falam do "pequeno horroroso", apelido que dão aos maridos.
Texto: Marcus Saldanha
Foto: Ângela Galvão

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Das Massinhas à Luta Ambiental e Social


Essa é Paula Saldanha. Até um mês atrás só sabia que ela era jornalista e apresentadora da série Expedições exibida na TV Brasil às segundas 19 hs e aos sábados 14 hs e que tinha sido apresentadora da TV Globo, quando ficou famosa no Brasil inteiro à frente da TV Globinho.

Depois que a conheci posso dizer que além disso, Paula Saldanha, 55 anos, é carioca de Paquetá, filha de uma pintora e ilustradora de mão cheia, mãe de quatro filhos, avó, esposa do biólogo e produtor Roberto Werneck com quem trabalha há mais de 30 anos documentando o Brasil, escritora, ilustradora, pioneira da ecologia no Brasil, e acima de tudo, militante das questões ambientais e sociais.

Durante a FLIP desse ano em Paraty, a incansável Paula conversou com a gurizada na Flipinha contando suas aventuras pelo Brasil e conscientizando as novas gerações sobre o meio ambiente e as minorias sociais. Fez o mesmo com adolescentes na Flipzona. Participou ainda, de uma manifestação na cidade pelos direitos das comunidades caiçaras, quilombolas e indígenas da região e sem o glamour do evento, esteve na única área reconhecida de remanescentes quilombolas do Rio de Janeiro - Quilombo Campinho - acompanhando de perto a proposta local de turismo étnico e desenvolvimento sustentável.

Enquanto apresentava seus livros e as pinturas de sua mãe na Flipinha os adultos lhe perguntavam sobre a TV Globinho. "Foram 14 anos na TV Globo, 6 anos na TV Globinho, de 1977 a 1983. Em plena época de censura. Tinhámos liberdade para criar, noticiar, num primeiro telejornal para crianças e jovens da TV brasileira... Foi bom, anos que valeram a pena, mas prefiro a liberdade que temos hoje de fazer e dizer as coisas do nosso jeito". resumiu, Paula Saldanha voltando a atenção para as crianças e adolescentes.


Revela para um guri de 5 anos que já quis ser astronauta e astrônoma. Para outro fala de primeiro livro que escreveu aos 16 anos de idade e que quando tiver velhinha, talvez fique fazendo o trabalho de ilustração.


Para os adolescentes destacou os anos na estrada. Já sofreu com dengue e um endema pulmonar na expedição à nascente do Amazonas, além das várias ameças de morte na região amazônica nos tempos de investigação da morte de Chico Mendes. Além de conhecer de perto comunidades e belezas naturais, Paula orgulha-se da expedição que comprovou que a nascente do Rio Amazonas fica mil kilômetros mais ao sul do Peru. "É comprovadamente o maior rio do mundo". reforça empolgada.

Atualmente a equipe de Expedição edita um documentário sobre o assunto. "Já enviamos documentos para que o IBGE corrija os mapas brasileiros" acrescenta Roberto Werneck, que contrariando a esposa, insistiu, para nosso deleite, em exibir parte deste documentário inédito, apresentado pelo filho, Pedro Werneck.

Sobre o trabalho em família Roberto revela: "Hoje já cansamos de brigar, já brigamos muito mais no passado, acho que estamos ficando velhos, rsrsrsr...não imagino outra vida que não essa ao lado dela, trabalhando juntos".

Suada, descabelada, elétrica, assim Paula Saldanha recebeu o meu livro didático de História do Maranhão. Disse-lhe que usava seus vídeos na minha aula e que lembrava das "massinhas" na TV Globinho.

Ela perguntou: - E como está aquela cooperativa criada para produzir polpas de frutas no interior do Maranhão?
Assim é Paula Saldanha.

Eis uma bom nome para a Feira do Livro de São Luís.

Texto: Marcus Saldanha
Foto: Ângela Galvão

Uma vez Sampaio Corrêa, sempre Sampaio Corrêa

Coisas de Torcedor
Não lembro quando decidi ser "boliviano" (como se diz do torcedor do Sampaio Corrêa de São Luís). Pela lógica, todo flamenguista vira motense (torcedor do arquirival Moto Clube de São Luís). Mas, não eu. Sou "tricolor, boliviano, tubarão".

Vou ao estádio regularmente, tenho duas camisas e uma touca tricolor encarnada, verde e amarela (foto abaixo). No início do ano, paguei 15 reais no ingresso da Copa do Brasil, caímos diante do Figueirense. No Campeonato Maranhense continuei frequentando o humilde Nhozinho Santos. Caímos diante do caçula JV Lideral de Imperatriz .
No último domingo, durante o jogo decisivo, minha filha Bia de 9 anos torcia pelo Sampaio e pelo Rio Branco esforçando-se para entender a narrativa no rádio. Empatamos com o Payssandu do Pará e caímos para a série D.

Permaneço fiel a "Bolívia Querida", mas faz tempo que espero para comemorar um título tricolor no Castelão com Bia.

***

Quando viajei para o Rio de Janeiro, dia 25 de junho, encontrei toda a delegação do Sampaio no Aeroporto Cuinha Machado embarcando para Rio Branco-AC, naquele momento haviam chances de avançar na série C do Campeonato Brasileiro. Falei com alguns jogadores. Disse que na bagagem estava levando a camisa do time para vestí-la no Maracanã durante o FLAxFLU de domingo (28). Vejam as fotos abaixo.

Texto: Marcus Saldanha
Fotos: Ângela Galvão


No Maracanã, dia 28 de junho de 2009 no FLAxFLU (Maracanã) conforme prometido.



Na Festa Literária de Paraty 2009 e com o jornalista Sílio Boccanera.




Com a touca tricolor


Confesso que Chorei!


Durante o espetáculo das torcidas numa tarde de domingo. Era FLAxFLU no Maracanã. Na preliminar o Flamengo de 81, que me tornou torcedor (Júnior, Adílio, Andrade, Nunes, Júlio César, Rondinelli, Leandro...) contra o Flu de 79. 3x2 para o Flamengo. No jogo das 18:30, pelo campeonato brasileiro, um empate sem gols (O Imperador com a camisa 100 ficou devendo).

Por longos minutos esqueci da partida olhando ao redor, lembrando dos programas esportivos que me atrasavam a entrada na escola e da fatídica final de 1983 quando um pássaro (talvez um urubu) invadiu o campo e parou a partida. O jogador do fluminense o retirou do campo, e minutos depois decidiu a partida naquele estádio. Tudo isso passou pela minha cabeça enquanto as torcidas evoluiam em cantos e coreografias, e eu chorava.




No Museu da Língua Portuguesa em São Paulo também chorei. Não saberei dizer o motivo, mas aquela coisa toda de tecnologia celebrando a beleza da palavra que não só dizemos, mas pensamos em nossa língua materna. É indiscutivelmente, o lugar mais perto que um ser humano pode com o corpo e a alma "penetrar surdamente no reino das palavras".



Chorei pela terceira vez sentado numa das antigas cela do DOPS-SP, naquele espaço carregado de dor e esperança. No fone de ouvido, relatos de ex-presos políticos entremeadas por passagens ensurdecedoras dos trens da Estação Júlio Prestes e as inscrições nas paredes fazem do Memorial da Resistência passagem obrigatória para se entender a razão do brado "Ditadura Nunca Mais!".
Texto: Marcus Saldanha
Fotos: Marcus Saldanha e Ângela Galvão