quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Vamos ao Teatro

olá,
O ano de 2008 marca o meu completo entusiasmo pelo teatro. Primeiro pela palestra do dramaturgo Alcione Araújo na Feira do Livro de São Luís, depois pelo contato com dois colegas do Cefet com trajetórias ligadas ao teatro (Pinho e Mary Ângela ) e finalmente pelos espetáculos que assisti na Feira do Livro, na Mostra Guajajaras de Arte, no Sexta em Cena e Teatro Arthur Azevedo.
Estou ansioso pela temporada 2009 que começa no dia 07 de janeiro (quarta-feira) com o espetáculo de dança/teatro “As Cores de Frida” do Núcleo Atmosfera; no dia 10 às 16 horas tem o “Encontro de Contadores de História” do Grupo Xama Teatro, para a criançada (ingressos trocados por materiais escolares); na sexta-feira dia 9 às 20 hs tem a última apresentação da temporada de "Os Saltibancos" no Sexta em Cena, no Anfiteatro Beto Bitencourt na Praia Grande; e ainda nesse fim de semana 9, 10 e 11 tem o espetáculo “Dois Perdidos Numa Noite Suja”, no Teatro Arthur Azevedo.
Este último é uma remontagem do texto do falecido autor paulista Plínio Marcos (mesmo autor de Navalha na Carne).

Apresentada pela primeira vez em 1966, "Dois Perdidos Numa Noite Suja"
foi escrita para ser representada pelo próprio autor. A estréia num bar em São Paulo foi montada com equipamentos emprestados da extinta TV Tupi e grana emprestada. Na platéia 5 pessoas, entre elas um bêbado e Roberto Freire que fez uma boa crítica para os jornais e Plínio Marcos entrou na moda.
Desde então a peça foi censurada durante a Ditadura Militar, virou filme por duas vezes (em 1970 e 2002) e agora será apresentada ao público maranhense, na versão do diretor Sílvio Guindane que chegou a ensaiar os atores André Gonçalves (33 anos) e Freddy Ribeiro (51 anos) até 12 horas por dia.
Essa montagem que veremos estreou no Rio de Janeiro no horário “maldito”, meia-noite . Depois excursionou por São Paulo, Recife, Salvador, interior da Bahia e Lisboa (onde o autor é um ídolo).
A peça dura 1:30 e trata dos excluídos, sobressaindo-se a discussão humana. È uma peça transgressora que retrata o universo marginal.
Espero que assistir ao espetáculo tenha um sabor melhor ainda do que ler o texto. Então: Merda para os atores!


Biografia de Plínio Marcos
“Minhas peças são atuais porque o Brasil não evoluiu.”

Nascido em Santos em 1935 teve a infância e adolescência marcada pelas dificuldades com a escola: “Para ser franco, eu, quando pequeno, era tido como débil mental. Não conseguia aprender. Meu poder de concentração era nenhum.” Já adulto, afirmava que tinha sido canhoto na infância e que, pelos métodos educacionais da sua época de criança, fora forçado a usar apenas a mão direita, o que lhe dificultaria o aprendizado, impedindo-o de realizar os trabalhos escolares com a mesma rapidez dos seus colegas. Isso, dizia, teria contribuído para torná-lo alienado do processo de aprendizado. Mas, o fato é que sempre realizava todas as atividades com a mão direita, inclusive escrever. E toda a sua obra foi manuscrita.
Queria ser jogador de futebol, mas serviu o exército e virou palhaço para namorar uma cantora do circo. Viajou com circos, atuou no rádio, na TV e no teatro, escreveu poemas para jornais, romances, foi contrabandista e camelô, além de conhecedor da Medicina Chinesa (jogava tarô e energizava pessoas com dores).
Sofreu grande influência do grupo intelectual de Pagu (Patrícia Galvão) “A gente ficava ouvindo Pagu falar e aquilo nos despertava para ler, estudar.”
Produziu intensamente, foi perseguido pela censura e teve peças suspensas por mais de 20 anos. Os censores alegavam que eram subversivas, usavam muitos palavrões: “O palavrão. Eu, por essa luz que me ilumina, não fazia nenhuma pesquisa de linguagem. Escrevia como se falava entre os carregadores do mercado. Como se falava nas cadeias. Como se falava nos puteiros. Se o pessoal das faculdades de lingüística começou a usar minhas peças nas suas aulas de pesquisas, que bom! Isso era uma contribuição para o melhor entendimento entre as classes sociais.”“Eu escrevo histórias. Eu tenho histórias pra contar. Mas, tudo o que escrevo dá sempre teatro.” “Eu sempre escrevi em forma de reportagem. As minhas peças não têm ficção, sabe? Eu escrevo, desde Barrela, reportagens.”“Eu, há dezessete anos [1973], sou um dramaturgo. Há dezessete anos pago o preço de nunca escrever para agradar os poderosos. Há dezessete anos tenho minha peça de estréia [Barrela] proibida. A solidão, a miséria, nada me abateu, nem me desviou do meu caminho de crítico da sociedade, de repórter incômodo e até provocador. Eu estou no campo. Não corro. Não saio. E pago qualquer preço pela pátria do meu povo.]
Era enfim, um figuraça com quem gostaria de ter papeado: “Eu sou um escritor imortal, não da Academia Brasileira de Letras, mas porque não tenho onde cair morto.”

visite o site oficial do autor, vale a pena.

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