segunda-feira, 25 de junho de 2012

Memorial Luiz Gonzaga

Acervo do Memorial: instrumentos para ver e tocar. Foto: Marcus Saldanha
Localizado no Pátio de São Pedro n. 35, no centro de Recife o pequeno, mas aconchegante espaço consegue manter viva e preservada a memória do Rei do Baião, Luiz Gonzaga que nasceu em 13 de dezembro de1912 em Exu-CE e morreu no dia 2 de agosto de 1989 na cidade de Recife. São instrumentos, objetos de época, fotos, vídeos e muita informação para admiradores, artistas e pesquisadores. Durante a visita, você pode olhar, ouvir e até mesmo tocar os instrumentos em exposição.

Foto mostra Luiz Gonzaga ainda jovem em seu primeiro casamento.

Fiz a visita durante uma manhã, entre excursões de várias escolas de Recife. Eram alunos na faixa de sete a oito anos, ainda na fase de letramento. Segundo o coordenador do Núcleo de Música, Edierck Silva, eles correspondem a 90% dos visitantes. Estavam animados e com os olhos vidrados nos instrumentos, especialmente na sanfona. De repente o mediador, Artur Fernandes, um jovem de 20 anos começa a tocar. Todos, sem exceção acompanham a letra e o ritmo da canção. "Muitas vezes os pequenininhos não sabem se o Luiz Gonzaga tá vivo ou morto, mas sabem cantar Asa Branca inteira. Mesmo sem estar aqui agora, Luiz Gonzaga consegue ultrapassar uma barreira de tempo muito forte", diz o estagiário do Memorial.

Mediador conta e canta vida e obra de Luiz Gonzaga. Foto: Marcus Saldanha

É verdade que o público este ano aumentou consideravelmente por causa do centenário, mas Luiz Gonzaga e o Baião são para Recife, Alagoas e Ceará, principalmente o que o Bumba-meu- boi representa para o Maranhão. Coisa que vem de pai para filho, Luiz Gonzaga por exemplo, tinha no pai uma referência musical e viu se filho Gonzaguinha também tornar-se artista. Assim como, o estagiário do Memorial tinha em sua casa uma sanfona guardada do pai que tocava num trio alagoano, e quem sabe a gurizada que se identifica hoje com o instrumento não seguirá os mesmos passos.

Foto: Marcus Saldanha

Se depender da professora Patrícia Valéria, da escola municipal Casarão do Barbalho a tradição será mantida. Ela trouxe seus alunos que este ano estão envolvidos no "Projeto Luiz Gonzaga - 100 anos", que segundo ela, visa avaliar o nível silábico dos alunos a partir das músicas do Rei do Baião. "Se você colocar qualquer música de Gonzaga, eles vão automaticamente cantando", explica a professora. Felipe, de 7 anos, aluno de Patrícia, diz ter adorado a visita, especialmente a sanfona e que agora já virou fã.

Mais que conhecer o memorial, o visitante parece se identificar com a cultura regional e a partir daí preservar e manter o legado desta tradição musical não será difícil. Conversando com Valter José dos Santos, da equipe do Memorial noto o grau de devoção que se tem ao artista: "Quando ele faleceu, o corpo dele ficou aqui na rua da Aurora e eu fui lá ver", revela. "A gente fica emocionado, o pernambucano se emociona muito. Não tem outro nordestino que cantou seu povo e sua terra feito Gonzagão. É por isso que ele é Rei do Baião. E quando é que vai ter outro Rei do Baião? Nunca!", declara o entusiasmado funcionário que me apresentou o Memorial .

O Memorial já começou a programação do centenário de Luiz Gonzaga com a realização, no ano passado, de uma missa toda em cordel que deve ser repetida no dia 2 de agosto, aniversário de morte de Gonzaga. Além disso, o museu vem realizando as Jornadas Gonzaguianas com a presença de convidados do porte de Domenique Dreyfus, a biógrafa mais respeitada de Gonzaga e parceiros musicais que falam da vida e obra do mestre.

No espaço onde se encontram alunos, professores, turistas e músicos, além de uma boa prosa, uma rodada de sanfona, zabumba e triângulo, o conhecimento é transmitido na sua melhor forma - com alegria.

Um comentário:

  1. Olá Marcus, bom dia.
    Que bom ler suas impressoes sobre tudo o que viu aqui em Pernambuco. Especialmente sua visita ao Memorial Luiz Gonzaga. Aquele espaço é pequeno so estruturalmente, porque por dentro ele é gigantesco. Os mediadores são sempre muito atenciosos e recebem o publico de uma maneira bastante calorosa.
    São 100 anos de nascimento de Gonzagão, e ele merece todas as homenagens.
    No ano 2000 a Globo fez uma enquete para escolher o pernambucano do século, e Luiz Gonzaga foi o mais votado, deixando pra tras figuras ilustres e tambem queridas como Joaquim Nabuco e Paulo Freyre.

    Boas Viagens, e volte sempre.

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