A partir de hoje até o Dia dos Namorados começa uma série de postagens aqui no Marcus Histórico sobre lugares românticos. Começamos com "La Calle de los Suspiros" em Colonia del Sacramento, no Uruguai.
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Foto: Marcus Saldanha |
A rua dos Suspiros na parte antiga de Colonia del Sacramento no Uruguai é um pitoresco caminho reservado aos pedestres, sem calçadas, coberta de pedras coloniais e lendas. Construída em desnível para que a água da chuva escorra por ela até o Rio da Prata, foi séculos atrás reduto de sedutoras prostitutas que arrancavam suspiros de marinheiros portugueses e espanhóis que desembarcavam na cidade em busca de diversão.
Porém, não é a versão histórica que fascina, mas as lendas como a de que condenados a morte eram levados pela rua para serem afogados no Rio da Prata. Ou da romântica moça que ao esperar seu amado na rua, fora apunhalada por um mascarado e antes de morrer dera um grande suspiro. Ou a mais recente, que atrai casais em lua de mel, de que um beijo dado na rua dos Suspiros é garantia de amor eterno.
O fato é que a rua compõe um cenário perfeito para um passeio a dois e juras de amor.
Muito legais essas historias dos becos, fico imaginando o Beco do Siri da musica do É o Tchan! hehe.
ResponderExcluirMas o beco que mais gosto é o do conto Beco de Flores, de Modesto Carone. Segue abaixo trecho da primeira parte do conto.
Beco de flores
As estrelas dos barcos soavam desoladas ao largo da costa quando cheguei a
Paraty. Embora fosse maio, chovia sem parar; ninguém se aventurava pelas ruas
alagadas por causa do mau tempo; os hotéis pareciam acomodados à escuridão.
Apesar disso andei durante horas para encontrá-lo. No meio do nevoeiro era
natural que a túnica colasse ao meu corpo como uma armadura; as sandálias
mergulhavam com ruído nas poças mais fundas. Atendendo a um comando
subterrâneo eu segurava o punhal na mão direita: dentro de alguns instantes ia vê-
lo diante de mim. Ao entrar no beco de flores tive a certeza de que ele caminhava
ao meu encontro. Pisei tensa nas pedras lisas, as narinas abertas ao tóxico das
plantas pendentes de muros e janelas. A essa altura a visibilidade era quase nula
e as cãibras paralisavam os dedos em volta do punhal; no entanto não afrouxei
nem um pouco a pressão. Isso não me impediu de estremecer ao surpreendê-lo
sentado no chão. De fato a vontade de golpeá-lo enquanto ele estava anestesiado
era muito grande: só a custo me contive. Por isso esperei que ele voltasse a si para
vencer a distância que me separava de seu pescoço. Ao enterrar a lâmina na carne
desprotegida percebi que as lágrimas me subiam aos olhos; pois eu o odiava a
ponto de saber que obedecia passivamente a uma realização de desejo.
Fonte: Modesto Carone, em Edgar Allan Poe et alii. Histórias fantásticas, p.141.
valeu José Rafael,
ResponderExcluiro blog tam essa pegada literária mesmo(caminhos e palavras)!