terça-feira, 8 de junho de 2010

Sobre o que não sabia de Maria Rita

"O show é nosso, só para nós", Maria Rita para o público na apresentação em Pedro II

As pernas são mais grossas, ela é mais alta, menos tímida, mais performática. Os olhos são negros, ligeiramente estrábicos, míopes. Os seios não são fartos, a bunda não é o da estereotipada mulher brasileira. Os cabelos não são curtos, nem longos e nem lisos. Não estão pretos e não estavam soltos.

Maria Rita não é magra, não tem o perfil atriz-modelo e não é burra. Pouca maquiagem e um delicioso vestido curto. No corpo, com cuidado, vêem-se as tatuagens: próximo a orelha esquerda, no pulso esquerdo, acima do pulso direito. Celulites nas pernas são traços humanos.

Sobre sua vida disse que cresceu ouvindo jazz. Nem era para ser diferente. No mais, o resto que todo mundo já sabe. É filha de Elis Regina e César Camargo Mariano, que dispensam comentários, e irmã do cantor Pedro Camargo. Por talento próprio consagrou-se cantora no Brasil e fora dele. Poucos CDs gravados e muitas premiações, incluindo vários Grammys Latinos.

Festival - O show apresentado no Festival de Inverno de Pedro II foi tudo o que se esperava de um talento amadurecido em suas escolhas musicais. “Este show não vai virar cd, não vai virar DVD, de forma que o show é nosso, só para nós”, disse ao público no início de sua apresentação.

Com dores no pé e de salto, Maria Rita dançou, fez trejeitos, interpretou mulheres e homens do cotidiano brasileiro, que amam e são abandonados e cantam suas dores de cotovelo. Fez caras e bocas. Entreteu e se divertiu durante o ato de ofício de sua profissão.

No palco recebeu flores arremessadas pelo público e agradeceu o delírio de quase vinte mil pessoas que lotaram a Praça Borneles, no centro da cidade. Poucas vezes uma artista foi tão respeitada por um público num festival. Ao longo da apresentação, a hora de calar, de ouvir e a de cantar. “Demorou, mas tá perdoada” lia-se num cartaz erguido por um rapaz na platéia.

Maria Rita, não leu, não pediu perdão, nem licença. Também não concedeu entrevista aos jornalistas. Disse tudo do alto, na lata, no palco durante o show e à queima roupa, olho nos olho, fazendo o que disse: um grande show só para nós.
Texto e foto: Marcus Saldanha

6 comentários:

  1. Fui ao Festival de Pedro II e pude prestigiar esta cantora e sua performance,mas voltando ao festival podemos elogiar os outros artistas que passaram.Mas,é bom o poder começar a se preocupar com a estrutura e com a cobrança indevida de mesas em plena praça publica.
    Menandro Andrade.

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  2. Tenho acompanhado todo o festival por aqui...pontinha de inveja...mas deu pra sentir pelas linhas a Maria Rita, Pato Fu e o povo gritando 'Toca Raul' [também pedi por aqui]. Muito bom o passeio pelo centro de Pedro II. Como será o 'hoje'por aí hein ?
    Nique M.

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  3. Gostei muito do post, bem escrito e de bom gosto. Digam o que for, Maria Rita é merecida dessas palavras tanto por ser a artista fora de sério que é e como uma pessoa que, mais que um corpicho bacana, tem uma cabeça muito boa e sabe bem como usar. Que tristeza morar longe!

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  4. gostei do texto !!! vc é professor da UEMA ?? Tá sabendo que talvez tenha um show dela aqui no Ma em janeiro .... => inauguração da Casa Cor Maranhão !!
    !
    ;-)

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  5. Hevelisse,
    sou professor da rede estadual de ensino. O show de Maria Rita é imperdível.
    Abç

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