terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Provocações

Na quinta-feira retrasada (27), participei do bate papo poético no sebo do Chiquinho a convite do poeta e jornalista Paulo Melo de Sousa. A pauta era sobre Blogs e, além de mim, convidaram Zema Ribeiro. Juro que tentamos convencê-los a participar das mídias sociais. Não conseguimos, ainda! Mas o papo rendeu, foi longe, entrando por outros assuntos, às vezes alheio a pauta. (leiam post no Blogue do Zema)

Na minha fala, destaquei a experiência dos duelos-diálogos no tuíter. Poesias e micocontos que são escritos e reescritos em 140 caracteres. Aliás aproveito a oportunidade para desculpar-me com os leitores do blog Marcus Histórico. Reconheço que ele estava abanadonado. Mas é que não podia permitir aquele incômodo de não entender ou consigar postar ideias e textos com tão poucos caracteres. Nos últimos meses dediquei-me mais ao micro-blog. Sugiro, caros leitores, que acompanhem a nossa experiência e participem. Certo da compreensão dos leitores do blog, aproveito ainda para agradecer os parceiros de peleja nos duelos-diálogos do Tuíter:
@saridemaita
@tassiacampos
@imagetica

Provocações de CB
Sobre reescrita de poemas, o poeta e jornalista Celso Borges nos presenteia com um texto que fez a partir de um poema de Ferreira Gullar. Enviou-me por e-mail, após o bate papo literário,  com o título: Provocações.

Falar
Ferreira Gullar

A poesia é, de fato, o fruto
De um silêncio que sou eu, sois vós,
Por isso tenho que baixar a voz
Porque, se falo alto, não me escuto
A poesia é, na verdade, uma
Fala ao revés da fala,
Como um silêncio que o poeta exuma
Do pó, a voz que jaz embaixo
Do falar e no falar se cala.
Por isso o poeta tem que falar baixo
Baixo quase sem fala em suma
Mesmo que não se ouça coisa alguma


Gritar
Celso Borges

a poesia é, de fato, o fruto
de um grito meu, teu, de todos nós
voz que acende um barulho
dentro da noite veloz

por isso tenho que gritar,
leitores surdos, ouvintes mudos
com versos, línguas, punhais, absurdos

porque a poesia é, na verdade, um mito
palavra que salta do papel e ousa
ave que pousa no risco do atrito

porque a poesia é uma bomba
susto que o homem ouve quase
como um avião cai
no corpo de um kamicase

e o silêncio é nada
argila seca, poeira desidratada

por isso o poeta tem que gritar
gritar em suma
porque o silêncio, porra,
é porra nenhuma

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Ao deixar seu comentário aqui não esqueça de colocar o seu nome e a cidade de onde está teclando.