quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Documentários - Dois Olhares Sobre a Cultura Popular


Dois olhares sobre a cultura popular

O que é: Dois olhares sobre a cultura popular é o lançamento de dois documentários, com entrada gratuita:
              - Mané Rabo, do cineasta Beto Matuck
              - Reisado Careta Encanto da Terra, da cineasta Paloma Sá

Local: Casa de Nhozinho (Rua Portugal, Praia Grande, no centro histórico de São Luís – Maranhão – Brasil)

Quando: sexta-feira (27), às 19h30

Em São Luís, vai acontecer, no espaço Casa de Nhozinho (Centro Histórico), no dia 27 de janeiro, sexta-feira, às 19h30, o lançamento de dois documentários
 MANÉ RABO, de 25 minutos, de Beto Matuck, é sobre passagens da vida desse mestre de Boi de Costa de Mão, já falecido, que viveu em Cururupu, município localizado no litoral norte do Maranhão.
“Foram anos de pesquisa e filmagens sobre a vida dele”, explicou Matuck. O trabalho tem o patrocínio de Microprojetos da Amazônia Legal (Fundação Nacional de Arte – Funarte) e Edital Universal, da Secretária de Estado de Cultura (Secma).
Haverá, também, o lançamento do documentário REISADO CARETA ENCANTO DA TERRA, com apresentação do “Grupo Reisado Encanto da Terra” que vem de Caxias. Tem apoio da Prefeitura Municipal de Caxias, por meio da Secretaria de Cultura e Turismo. A captação das imagens e edição são de Alexandre Almeida e a direção de Paloma Sá, mestre em Antropologia pela Universidade Federal do Maranhão, professora da rede pública estadual do Maranhão e pesquisadora das culturas populares brasileiras.
 REISADO CARETA ENCANTO DA TERRA será exibido, no dia 9 de março, sexta-feira, às 15h, no auditório do Instituto Histórico e Geográfico, localizado na antiga linha de trem.  

Sinopses
MANÉ RABO – BETO MATUCK
Documentário que narra, em música e versos, a demonstração de fé do mestre Mané Rabo em manter viva a bricandeira do bumba-meu-boi, n no sotaque de costa de mão, originário da região de Cururupu, no litoral norte do Maranhão. Devoção e simplicidade são os elementos que constroem o enredo dessa história.

Informações técnicas
Foram mais de nove anos em que o cineasta Beto Matuck acompanhou a trajetória de Manoel Romeu “Mané Rabo, na sua luta em manter de pé a brincadeira do bumba-meu-boi.
São mais de vinte horas de materiais em diversos formatos, criando um acervo de importante valia para preservação da memória dessa manifestação cultural.
O formato de finalização do filme é HD 1280X720, com duração de aproximadamente vinte e cinco minutos. 
O projeto é resultado de dois prêmios: de Microprojetos da Amazônia Legal (Fundação Nacional de Arte – Funarte) e Edital Universal, da Secretária de Estado de Cultura (Secma)

Sobre o diretor
O cineasta Beto Matuck viveu parte da sua carreira profissional em São Paulo, onde desenvolveu trabalhos como produtor e diretor. Na área educacional , juntamente com o cineasta  Joel Yamaji,  criaram os Núcleos de Produção Cinematográfica do SENAC-SP e as Oficinas Culturais do Governo de São Paulo. Atualmente vive em São Luís, desenvolvendo projetos de documentários artísticos e educacionais.

Filmografia de Beto Matuck
-         2011- Direção e Produção de Mané Rabo – documentário sobre um mestre do bumba-meu-boi do sotaque de costa de mão.

-         2010/2011 – Arcabouços – documentário experimental sobre o processo criativo do artista plástico Cláudio Costa

-         2009 – Produziu e dirigiu o documentário CURURUPU.

-         2007/2008 - Direção e produção do documentário de média-metragem EM BUSCA DA IMAGEM PERDIDA – Prêmio do Edital Arte e Patrimônio 2007 do IPHAN (em fase de finalização).

-         2007 – Direção e produção do documentário – SEBASTIÃO

-         2007 – Direção e produção do documentário – MESTRE BOGÉA.

-         2004 – Abissais – Vídeo instalação.

-         2003 – O vídeo clipe da banda Mysthical Roots

-         2001 – ANTONIO VIEIRA – UM POEMA PARA O AZUL – Documentário sobre  sambista maranhense

-         2001 – Vídeo Clipe  QUASE NADA de ZECA BALEIRO – S16 mm.

Quem foi MANÉ RABO
O brincante nasceu no dia 11 de abril de 1925. Filho de Gregório Romeu e de Raimunda Nascimento Romeu, sendo o atual responsável pelo animado grupo de Bumba-Boi de Costa de Mão, sotaque característico de Cururupu.
O apelido ele recebeu de herança do pai, que era pescador. Segundo o brincante, “esse apelido, quando eu cheguei no mundo, eu já achei ele, era o apelido do meu pai, Gregório Rabo; ele era curraleiro, fazia pesca em curral de peixe, e quando matavam só um peixe ele só desejava o lado do rabo, pois é o lado que tem menos ossos e espinhas. Então todo mundo começou a chamar ele de Gregório Rabo, e aí todos os filhos dele herdaram o apelido, assim como eu”.
Desde criança, a partir dos 10 anos, Manoel Rabo brincava bumba- boi, participando do grupo do conhecido amo Lulu, que apresentava sua brincadeira no bairro do Jacaré. Ele era o ‘criado’, pois, nesse tempo, o bumba-boi tinha personagens como o Criado, Vaqueiro, Rapaz e Soldado.
O bumba-boi nasceu a partir de um festejo ao glorioso Santo Antônio, que era organizado todo ano por um grupo de pessoas da comunidade, e a esposa do brincante fazia parte do grupo. Até que um dia tiveram a idéia de fazer alguma coisa para fazer o festejo crescer; então utilizaram um cofo e fizeram dele um Boi no dia da procissão, dia 13 de junho, sendo o grupo era só de mulheres. Passaram o dia brincando com esse boizinho até a hora da procissão. No outro ano Manoel mandou fazer um boizinho de buriti, bem pequeno, e as mulheres brincavam com o Boi preso no dedo. “Aí eu fui incentivando a brincadeira, fui convidando uns amigos e então fomos engrazando (misturando) homens e mulheres.
No ano seguinte eu mandei fazer já um Boi grande, fizemos quatro zabumbas, pois o grupo surgiu primeiramente como um Boi de Zabumba, mas como a zabumba ficava muito pesada para ser tocada pelas mulheres, eu resolvi mudar o sotaque para Costa de Mão, logo no ano seguinte, e nós ficamos tocando só no pandeiro”, explica o brincante. O sotaque recebe esse nome pois os pandeirinhos são tocados com a costa da mão. No início quem comandava a brincadeira era dona Ribamar, que saía pela cidade em busca de material, doado pelos moradores. Com a morte de dona Ribamar e com a doença de dona Lucília, que também fazia parte do grupo, a brincadeira ia acabar, mas aí seu Manoel Rabo passou a festa para a casa dele, e a mantém até hoje.
À frente do seu batalhão de intrépidos 46 integrantes, Manoel Rabo toca seu pandeiro com a costa calejada de uma das mãos que lavra a terra desde menino; na outra mão segura uma vela acesa, uma de suas marcas registradas.’. Os instrumentos utilizados pelo grupo de Costa de Mão são os pandeirinhos, os maracás, o tambor onça, o apito, duas caixas (para controlar os pandeiros) e as matracas (tocadas só por mulheres). Antigamente os pandeirinhos eram cobertos com couro de cobra jibóia, camaleão rezingueiro, cutia e até de guaribas, o que exigia a presença de fogueiras para afinar os instrumentos.
A resistência do sotaque permanece e vara as madrugadas de Cururupu com seu ritmo lento, melodioso e contagiante.

REISADO CARETA ENCANTO DA TERRA – PALOMA SÁ

O projeto tem por finalidade fazer o registro audiovisual de saberes tradicionais de uma comunidade localizada no bairro Campos de Belém, Caxias, Maranhão, em especial o Reisado Careta. Sua relevância se dá principalmente pelo ineditismo do tema. Essa manifestação da cultura popular maranhense ainda é pouco difundida no Estado e principalmente em outras regiões do país. Assim, temos essa documentação como um instrumento de valorização do patrimônio imaterial brasileiro.
         O Reisado Careta, é uma manifestação da cultura popular com música, dança, canto e poesia; realizado por agricultores da região do Médio Itapecuru, sertão leste do Maranhão, especialmente na cidade de Caxias. O Reisado Careta é uma festa para louvar Santo Reis e acontece em forma de jornada que simboliza o caminho feito pelos Três Reis do Oriente desde a noite do dia 25 de dezembro até o dia 06 de janeiro, quando os Reis chegaram a Belém. As personagens representadas na brincadeira variam entre seres animais (burrinha, boi, galo, ema, babau), humanos (Nega-véia) e fantásticos (jaraguaia, os caretas), entre outros conforme cada grupo de brincantes apresentar. Os instrumentos também variam entre sanfona, rabeca, banjo, viola, pandeiro, triângulo e tambor. Criação cultural de uma comunidade é baseada em suas tradições.
Os integrantes do grupo “Reisado Careta Encanto da Terra”, que tem como representante Seu Sebastião Chinês, são trabalhadores rurais, colocam linhas de roça em terrenos partilhados com outros agricultores, em interiores próximos de suas residências e  se dedicam à colheita, quebra e extração do azeite e do coco de babaçu. Além do DVD ser uma fonte de renda concreta para seus sujeitos, sua gravação, produção e lançamento exercem um poder de despertar a auto-estima daqueles que dele fazem parte e provoca o interesse da participação daqueles que podem dar continuidade à manifestação.
O projeto, contemplado pelo I Edital Universal de Apoio a Cultura Maranhense, da Secretaria Estadual de Cultura do Maranhão, vai proporcionar a distribuição do DVD “Reisado Careta Encanto da Terra” entre as 85 escolas públicas do município de Caxias, com apoio da Secretaria Municipal de Educação e sua comercialização vai auxiliar na complementação de renda dos brincantes do “Grupo Reisado Encanto da Terra” e investimento na sua manifestação cultural.

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