Há quem não lembre de um dos clássicos da "sessão da tarde" nos anos 80?
O filme "A Encruzilhada" de 1986 conta a história de um jovem guitarrista, um velho gaitista e a lenda de um pacto com o diabo para a música perfeita.
Nos Lençóis Maranhenses em Barreirinhas , amantes da música estudada viveram um verdadeiro "crossroads", guiados pelo desejo do som perfeito, no meio de um deserto musical, para testemunhar a semente de um festival de jazz e blues que pretende ter vida longa
Santo de Casa
Na abertura do festival o maranhense Jair Torres esbanjou competência e técnica na guitarra fluindo com seu trio, "Pisa na Fulô", "Tico-Tico no Fubá" e até "Glória, Glória Aleluia"na pegada jazz e blues. A "galera de fora" ficou de queixo caído. É santo de casa, mesmo!
O Professor O trompetista e cantor nova iorquino radicado no Maranhão Jim Howard III apresentou composições próprias e clássicos mundiais, como "Yesterday" dos Beatles. Mas surpreendeu mesmo quando desceu do palco e cortejou o público seguido da Infinity Jazz Band. (foto)
Olho nesse cara, ele tá formando um cena jazz com a garotada! "O professor Jim Howard III estava morando em Belém e lá o cenário é bem desenvolvido. Ele veio para o Maranhão decidido a formar uma banda. Aqui o pessoal tá começando a curtir bastante jazz e blues", disse o trompetista Domingos da Infinity Jazz Band e Banda Menino Jesus das Mercês, que acompanhará Jim Howard com mais 16 músicos no Teatro Arthur Azevedo no dia 18 de outubro.
Engels Espíritos - Armado e Perigoso O músico brasiliense, apresentou-se armado com um arsenal de gaitas Bends Harmônicas e um repertório venenoso, didático e transcendental com canções celtas - origem da gaita; mistura do celta com o country; country com blues; blues com progressão; realejo nordestino; jazz e baião.
Sua apresentação foi quase uma paródia de o "Flautista Mágico" na versão gaita, que hora transmutava-se de um acordeon, hora de pífano.
O inquieto Engels fez sua ainda sua gaita duelar com uma sanfona, tocar samba e rock. No final um pedido: " Apoiem a música estudada, verdadeira, apoiem o festival!" encerrou Engels Espíritos tocando um dos clássicos do guitarrista Steve Vai "For The Love Of God".
O Público Se Viu?
Edson Travassos acompanhado do baixista Samir Aranha e do baterista Oliveira Neto tocaram sons norte americanos dos anos 50 e composições próprias no bom português. A moçada se identificou com as canções "Endividados" e " Eu Encho a Cara". O cara já foi premiado no concurso nacional de bandas do programa "Ultrasom" com clip veiculado na MTV. "Sou endividado pago quando puder" diz o refrão da música de maior sucesso no festival.
Os caras continuaram no palco para acompanhar a "fera" do festival: o cantor e gaitista carioca Jefferson Gonçalves.
O Trem da EncruzilhadaAí então moçada, quem tinha viajado 250 km até Barreirinhas e abriu mão das belezas naturais para ficar inteiro à noite, chegou cedo no
Lençóis Resort, teve a certeza de que estava testemunhando uma cena musical rara.
Jefferson Gonçalves (foto) influenciado por Bob Dylan, Jackson do Pandeiro e Luís Gonzaga, fez o público viajar de trem até a "Encruzilhada". No filme o mestre diz ao garoto: você será um bom músico quando conseguir tocar o som do trem. Com mais de 17 anos de estudos Jefferson Gonçalves, não só toca o trem como mistura música nordestina com blues. E assim parece ter encontrado a canção mítica buscada no filme. Como? Ele responde: " O mesmo sentimento do cara plantando algodão no sul dos Estados Unidos vejo na mulher que lava roupa na beira do rio aqui no Brasil. Foram apenas navios diferentes", numa referência as raízes do blues norte-americano e da tradição musical nordestina.
O músico liderou uma Jam Forró Blues Session. (foto)
O aprendiz virou mestre e hoje coordena um projeto que forma músicos na cidade cearense de Guaramiranga, além de realizar várias oficinas e cursos Brasil afora.
E as Jams Sessions? Canja do mestre da cena jazz e blues maranhense, o velho e bom Augusto Pelegrine com Edson Travassos, Oliveira Neto, Samir Aranha (O Harry Potter) e Jefferson Gonçalves.
"Fazendo Chover" nos Lençóis Maranhenses
No encerramento do Festival o percussionista Luís Claúdio "fez chover"sons e ritmos através de vários instrumentos entrelaçados por sons eletrônicos, propondo assim, o diálogo do festival temático com outros sons.
Vida Longa ao Lençóis Jazz e Blues FestivalO festival surgiu inspirado no Festival de Jazz e Blues de Guaramiranga que esse ano completou sua décima edição. Nesse sentido, fez falta a garotada descolada, cheia de vibe, os campista que agitam a cidade, os músicos da cena local para compor as Jams Sessions. Mas vá lá! É a penas a semente de um festival que pretende ter vida longa e que nas palavras de Patrícia Santiago, assessora de imprensa do evento que traduz o sentimento de seus organizadores Tutuca e Ivaldo Guimarães: "O festival é um projeto de desenvolvimento social, não é apenas um show". Que Assim seja, ou como diziam os romanos -Amém.
Texto: Marcus Saldanha
Fotos: Ângela Galvão e Marcus Saldanha
Maravilha!!! Que dure por muitos e muitos anos. Tenho certeza que essa semente irá dar bons frutos!!! Parabéns para Tutuca e sua equipe, o festival foi de bom nivel, organizado e com atrações de 1ª. Até ano que vem.
ResponderExcluirO festival de Guaramiranga completou 10 anos e convenhamos que a estrutura de agora é bem maior do que quando começou. O festival em Barreirinhas não foi muito diferente musicos muito bons, palco bem organizado, local muito agradável, só senti falta do envolvimento do publico de Barreirinhas mais como disse Patricia... "uma sementinha foi plantada e será regada com muito carinho".
ResponderExcluirO Maranhão merece um evento dessa natureza.
Parabéns aos organizadores e principalmente aos maranhenses.
Jayr Torres tocando é qualquer coisa de extraordinário.
ResponderExcluirApoiem a música estudada!!! Amém!!
Fernando Soares