Ângela Moura em Olympia
O comovente espetáculo "Cabul"
O comovente espetáculo "Cabul"
No domingo corremos para o Teatro Alcione Nazareth no centro de Criatividade Odylo Costa Filho, mas já era tarde. Os ingressos para o espetáculo Olympia já haviam sido distribuídos. Fiquei por ali, indo e vindo, farejando uma desistência, um ingresso perdido. Com olhar de cachorro pidão rodeava os desconhecidos da fila em busca da recompensa. Deu certo, Fátima di Franco compadeceu-se. Já tinha um ingresso, faltava mais um. Continuamos nossa azaração. O escritor Wilson Marques desistiu da longa espera, do calor, mas agraciou Eduardo Júlio (poeta e fotógrafo). Não desisti. No rabo da fila apelei à organização da V Semana de Teatro. Um ingresso em troca de fotos. Não foi preciso. Entramos.
Queria muito ver a representação da vida de uma moradora de rua de Ouro Preto que entretinha turistas famosos e anônimos com suas, digamos, verdades inventadas. No monólogo Olympia, levado à frente pela mineira Ângela Moura, atriz e personagem se encontram no palco, se revelam e se escondem em suas verdades e mentiras.
Final do espetáculo cumprimenta-se, elogia-se, fotografa-se a atriz e corre-se para o Teatro Arthur Azevedo para a apresentação de Cabul. Ingresso no mão, parecia que seria fácil dessa vez. Que nada! Formou-se a fila, longa espera, veio a chuva. Fomos para o saguão, calor, princípío de tumulto na entrada - Cuidado, olha as idosas na fila, não as machuquem!
Da primeira fila, como de costume, fruimos, sorvemos a música tocada antes e durante o espetáculo do canto do palco, os atores nos emocionando com a interpretação de afegãos em meio a turbulenta instalação das leis talibãs que reprimiram a liberdade humana no final do séc. XX naquele país. Uma boa história, bem contada, com primorosa fotografia e iluminação. Não tem erro! Cheguei a me sentir um bom fotógrafo. Toda cena bem enquadrada na Nikon era um sopro de poesia vindo do palco em nossa direção.
Na volta para casa, Fátima ganhou carona em meio ao temporal. A tempestade de raios e trovões era alheia a chuva que caía no meu céu, no meu telhado lavado pela audácia da criativa mente humana. Senhores do teatro, não parem de escrever e de inventar verdades. Elas me emocionam, me comovem, me sensibilizam.
Texto e fotos: Marcus Saldanha
Você é sempre um excelente expectador e divulgador dessa arte! Continue! O teatro necessita de público insistente, crítico e emocionado!!!
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